CONTOS DA DORIS

O passado (sabe, antes da tecnologia?)

Sabe, a muito tempo atrás a tecnologia ainda não era conhecida pelos colonos. Então trabalhavam com cavalos arando a terra. Alqueires e alqueires de chão! Era virado para plantar o milho, o feijão, a batata, e várias outras plantas que cultivavam. E era tudo carpido com inchada!

Os pais levavam seus filhos na roça desde o pequeno até o mais velho. Não existia lei para os menores e assim os pais educavam do seu jeito. Mas havia muito respeito entre pais e filhos, então quando não venciam de capinar a plantação, fazia-se um pecherum: convidavam 20 a 30 pessoas para capinar e deixar a roça limpa do mato. O dono da lavoura sempre tinha uns três ou quatro garrafões de pinga, então o grupo ia carpindo e alguém da família dava um copinho de pinga a cada um. Era o costume para ficar mais forte e puxar a enxada com mais gosto. Assim repetia-se uma 3 vezes por dia.

E assim trabalhavam o dia inteiro e não se cansavam de lutar! Um dos integrantes do grupo começava a cantar uma música bem antiga que se chama cangulo. Um cantava na frente e os outros atrás. O último cangulo que me lembro foi no ano de 1964.

Quando chegava a hora do almoço, todos já estavam cansados e suados pelo calor do sol, então alguém dizia: - chegou a hora boa! – A comida era feita num panelão. Arroz, feijão, galinha caipira, carne de porco e broa feita na fornalha. Também muita verdura. Tudo puro, sem veneno, que delícia!

Também tinha muitos colonos que cuidavam da apicultura. O mel nunca faltava na mesa das famílias.

Terminando de carpir a roça daqui, já passavam pra roça do vizinho, e continuavam até 3 dias sem parar, e na colheita faziam o mesmo. Assim o paiol dos colonos era cheio de mantimento. Não existia muita doença que que hoje existe. Não usavam veneno nem conservante. Era tudo natura!

E hoje a tecnologia esta avançando as lavouras mecanizadas, ninguém pega na inchada, acabou o arado puxado a cavalo. O veneno e a irrigação prevaleceu nas lavouras.

Os filhos sempre acompanhavam seus pais na roça, e era assim. Desde o pequeno a té o mais velho.

As escolas eram distantes, as crianças iam a pé 3-4-kilometros, as vezes mais longe ainda, para estudar.

Mas era muito divertido e os pais diziam que, criança não cansa tem muita energia. Voltava da escola, nossa mãe esperando com aquele almoço saboroso que só ela sabia fazer.

E a luta da vida era assim para todos, não existia meio de transporte escolar.

Também existia muitas famílias pobres e mendingos, que saia pelo mundo em busca de emprego – mas não achavam.

Então chegavam nas casas, pedir um prato de comida ou pão para matar a fome.

Naquela época era muito difícil, mas não existia muitos crimes, nem drogas, as famílias tinham mais sossego, e segurança.

E assim de geração em geração sempre a mudança. Esse é o nosso planeta!

Com Deus na frente, é assim que nós vamos caminhando cada vez melhor.
Obrigada por esta (hestória),
Que fica na memória;

Assinado: Doris.
Postado 13/11/2014


A estranha caçada (dum tatu?)

Saíram dois amigos para caçar num lugar onde tinha muitos tatus. E naquela época, as famílias comiam muita carne de bichos, mesmo porquê não era proibido caçar.
A maioria era colono e muito pobre. Então o jeito era caçar para trazer carne para a família.
E lá se foram por horas no meio da capoeira. Os dois cachorros que iam na frente já latiram adiante num buraco onde o tatu estava jogando terra pra fora.
Quando Pedro e João chegaram perto, o bicho sumiu, e... só escutaram um gemido dentro do buraco. Os dois amigos se arrepiaram mas não manifestaram nada um para o outro, e continuaram a caçada. Caminharam mais um pouco e os cachorros encontraram mais uma toca de tatu. Ai deu o que falar! Ali naquele buraco os cachorros, mostrando determinação, cavocaram fundo e de repente..., outro gemido e grito! (parecia ser de gente?). O João engatilhou a espingarda, enfiou o cano na garganta do buraco e atirou. O bicho - que era grande - saltou fora pelo outro lado do buraco como um corisco negro e sumiu novamente. E os amigos, um junto do outro, aconteça o que acontecer!
Mas já notaram que não se tratava de um tatu. Era algo diferente porque dentro daquele buraco, que haviam atirado, alguma coisa começou a gemer e a gritar igual gente. Então, naquele momento, o bicho que havia sumido pelos ares da mata, de repente volta! Apareceu de pé em frente deles! O tatu enorme que sumiu tão rápido quanto apareceu, agora se mostrava em pé diante deles. E começou a crescer. E começou a mudar. Até que..., era uma mulher toda de preto-cinza, alta, bem alta, toda ensanguentada e gemia.
Aí os amigos, um olhou para o outro como que dissessem, “vamos sair daqui?” Os cachorros chiavam em roda deles de medo. Deram as costas para a mulher esquisita e morrendo de medo começaram a correr desesperados pela mata. Mas quem diz que achavam a saída? Estava perdidos!
Já era final da madrugada, quase amanhecendo. Cansados, sujos, suados e assustados quando encontraram a estrada, mesmo assim ainda escutavam os gritos ressoando ao longe.
Ninguém descobriu ou soube explicar o que era aquilo, e ainda hoje não há explicação para o fato, mas quem conta jura que o que se passou é verdade, pois essa é uma história de verdadeiro respeito.

Assinado: Doris.
Postado25/06/2014

A lenda do lenhador e do boi-tá-tá (Piên – Cachoeirinha – 11-01-2008)

Lá na mata muito longe, existe um lugar chamado Sertão do Gavião. Nesse lugar existe muitas pedras, campos verdes, rios, passaros, borboletas e muitas flôres. Que lugar lindo.
Diz a história que no meio de duas pedras muito altas morava dois boitatas. Quando era lua nova que era muito escuro, saiam de madrugada como duas tochas de fogo que clareava todo o sertão. E se juntavam no ar. Quando isso acontecia, chovia faisca para todos os lados do céu.
Vivia também um homem la no mato que tinha seu rancho na beira do rio. Diziam que ele era um “picador de lenha” por que seu machado se escutava a quilometros de distância.
Um dia o lenhador viu clarear o sertão na mata de fora à fora do céu. Correu ver o que era e foi chegando cada vez mais perto empunhando seu machado nas mãos. E veio ao seu encontro aquelas bolas de fogo. O homem ficou apavorado!
O homem se tramou a correr como um desembestado, e quanto mais corria, mais faiscas de fogo chovia. As faiscas, tal qual labaredas, caiam no chão de terra à sua volta, ricochetiavam e grudavam no machado até que este tomou cor de fogo.
Saiu correndo em direção ao rancho, chegando lá, quis dar uma olhada melhor por que não acreditava no que tinha visto. Ficou mais surpreso ainda, pois seu machado era de ouro puro da lâmina ao cabo! Inteirinho!!
Depois de algus dias, despedui da família e viajou pela floresta por durante uma semana, até que saiu na beira duma rodovia onde se via carros como nuvem de gafanhotos, gente como formigueiros, casas e prédios como uma floresta de pedras sem fim.
Depois de muito andar e especular por quase duas semanas, vendeu seu machado para um colecionador de peças raras tornando-se riquícimo.
Voltou para sua família no meio do matagal, por nome Sertão do Gavião, tomou por posse todas aquelas terras e mata virgem. Seus filhos quando corriam pela mata felizes gostavam de gritar a voz do gavião, e sua família e sua geração foi muito feliz aqui.

Assinado: Doris.
Postado24/06/2014

Igreja da maldição (Pien – Cachoeirinha - 14-12-2010)

Meu pai contava que a muitos anos atraz, saíram de casa três amigos a cavalo visitar os parentes em Guarapuava. Naquela época era estrada de chão, empueirada. E havia muitos bugres e índios pelo caminho.
Levaram muitos e muitos dias andando de cavalo até chegar lá. Pelo caminho paravam e faziam um fogo a noite para decançar, e comer o que levavam na mochila.
Outro dia continuavam o caminho, até que um dia havistaram uma igreja abandonada. Já começava a anoitecer e resolveram dormir ali. Tiraram os aperos e os arreios e soltaram os cavalos, que ficaram pastando em roda daquela igreja. Os aperos e os pelegos colocaram dentro no canto da igreja para ali dormirem.
Quando derrepente ouviram barulho no forro e pedrada na igreja, que até os cavalos se assustaram. Caia do forro sapos que saiam pulando. Ouviam gargalhadas sem saber de onde vinha. Quando o dia clareou, pegaram os seus cavalos novamente. No momento que sairam para fora, as portas se fecharam sozinhas, com aquele barulho estranho. Ficaram todos arrepiados e sairam galopando em disparada.
Andaram mais uns 4 kilometros. Encontraram um barzinho pequeno com prateleira de madeira daqueles bem humildes, num vilarejo, com umas 6 ou 8 casas.
Ali chegaram para fazer um lanche. Muitos assustados contaram ao dono do bar o que havia acontecido. Então o dono daquele bar contou que um padre morava ali e dirigia a nossa comunidade. Mas não pode ficar mais porque percebeu que naquela igreja havia algo muito estranho. Descobriu que era assombrada. Nem um padre quis ficar ali, por isso ficou abandonada.
Os padres jesuítas falavam há muitos anos atráz que ali onde construiram a igreja era um cemitério. Por isso que está abandonada.
Com muita pressa, os três amigos saíram dalí galopando pela estrada empueirada daquele sertão adentro. Quando chegaram no destino certo, foram recebidos com muita festa.

Assinado: Doris.
Postado24/06/2014

A caverna do desespero (Piên – Cachoeirinha - 19-05-2010)

        Havia uma caverna a muitos séculos atrás onde tinha muitas riquezas, ouro prata e diamantes guardados.
       Uma senhora jovem estava passando em frente com sua filha pequena em seus braços quando la de dentro, da caverna ouviu uma voz: entre e apanhe tudo o que quiser. Mas não esqueça o principal, sua filha. A porta abriu e ela entrou, fascinada com o encanto da daquela riqueza, deixou sua filha no chão, e começou a pegar tudo o que podia.
      De repente a voz falou novamente - você só tem oito minutos. Dai a porta fechará para sempre - Passado os oito minutos ela saiu carregada com ouro diamante e prata. A porta fechou para sempre. Quando estava fora escutou o choro da criança. Era tarde de mais.
     A riqueza durou pouco. Mas o desespero daquela mãe durou para toda a vida.
     - Assim é a nossa vida, podemos viver 80, 100 anos, mas não devemos de esquecer o bem maior com DEUS: O amor ao próximo! Assim estaremos sempre de bem com a vida.

Assinado: Doris.
Postado24/06/2014

Encontro com a mula (Piên – Cachoeirinha - 22-06-2010)

Era noite muito escura.
Meu pai foi visitar um amigo, saiu de Campina dos Crispins para Boa Vista.
Naquele tempo era tudo sertão de mato fechado. Foi de cavalo bem selado: galopando a trote manso, quando de repente lá pelas tantas o cavalo deu uma relinchada e parou, não queria seguir adiante.
Meu pai pregou as esporas na virilha e deu umas taladas na anca do tordilho, foi quando ele empinou. E do mato fechado saiu uma mula sem cabeça que foi acompanhando eles até uns dois quilômetros e batia o rabo e saia faísca de fogo dos cascos da mula.
De repente deu uma arrancada na frente do tordilho, onde meu pai estava montado e sumiu numa valeta. O susto foi muito grande que nunca mais meu pai ia a noite escura visitar seu amigo.
Dizem que La onde a mula sem cabeça some, existe um caixão cheio de ouro. É só marcar o lugar, convidar os amigos e coragem...Para ficar rico.

Assinado: Doris.
Postado24/06/2014


Minha história encantada (Piên – Cochoeirinha - 1965)

Uma tarde de verão, era umas seis horas quando o sol já ia se pondo, resolvemos descer no tanque eu, a Zélia, a Leoní, o Paulo e o Pedro.
As cigarras e os sabiás ainda estavam cantando (era muito bonito); o nosso mato era fechado e a noitinha era já escura dentro dele.
Nós chegamos na barraquinha onde havia uma nascente do tanque. Ali também era rico em argila. É um barro branco que nós tirava e fazia tigela, panela, caneca. Secava ao sol e brincava.
Acontece que naquela tarde, de repente ouvimos um barulho e um reflexo luminoso que vinha em nossa direção. Imediatamente eu gritei – subam na árvore! - A Zélia subiu mais alto, a Leoni até a metade e eu arquei uma aroeira para subir o Paulo e o Pedro. Nós ficamos ali quietinhos.
Foi se aproximando aquele homem que era tão alto, mas tão alto que a Zélia, que subiu no galho mais alto, dava pelo seu nariz.
Era um esqueleto só. Quase todo de ossos à mostra não fosse pela pele ressecada e toda esticada. Um nariz ossudo e comprido que dava asco só de olhar. Em roda dele havia um reflexo branco que doía nossos olhos. Passou a par da nossa árvore e depois de três passos foi sumindo.
Descemos daquela árvore e voltamos correndo para casa tentando explicar da melhor maneira possível a aparição, mas ninguém sabia o que era aquilo. Minha mãe, fazendo calar o alvoroço, contou que logo adiante daquelas mesmas árvores havia três sepulturas dos bugres. Quando chegava o dia das almas, no mês de novembro, vinham os bugres visitar seus entes queridos que tinham enterrado naquele lugar trazendo flores e velas. Mas aquele esqueleto que nós vimos sumiu dalí. Então era um mistério..., alguns diziam que ali os bugres haviam enterrado algo precioso, outros, sempre adultos, ficavam surpresos e cheios de receio...! Que tinha algo estranho, tinha.
Com o passar dos tempos, o mato que era tão fechado, foi sendo desmatado. Na época tinha tantos bichos, barulhos, visagens e assombrações, que seguido as crianças vinham correndo assustados. Os adultos então, já haviam seguido coisas estranhas por todos os cantos da mata.
Na nossa imaginação de criança, sempre pensava-mos que era panelada de ouro que estivesse em algum canto do matão, ou alguma recompensa misteriosa das fadas que os antigos contavam. Só que nunca ninguém teve coragem de afundar mato adentro para procurar.
Fica na lembrança as coisas lindas de criança que vivemos e passamos quando estava-mos todos juntos lá em casa. (Saudades que não volta mais).
(Doris)

Assinado: Doris.
Postado20/12/2012


Fato ocorrido com a Família Italiana

Há muitos anos atrás, veio da Itália uma família morar aqui no Brasil. O casal e 3 filhos. O mais velho tinha 17 anos, o do meio 13 e a caçula 8 anos. Desembarcaram no Porto de Paranaguá. Depois de alguns dias chegaram à nossa região que na época era sertão. Não existia carro nem meio de comunicação.
Então construíram uma casa de pau-a-pique, e começaram a capinar a terra para plantar mandioca, feijão, milho e etc. Logo começaram a criar algumas galinhas, patos..., e assim viviam.
Conta a história que o moço mais velho ia todos os dias buscar um feixe de lenha. Sua mãe um dia cozinhava feijão, outro dia alguns legumes, e assim seguia os dias. Mas todos os dias o moço chegava do mato assustado:
- Olha mamãe, já faz tempo que eu vejo uma luz estranha lá no meio do mato e fico com muito medo.
Então o pai que era o mais corajoso resolveu ir ver. Chegou perto, meio assustado e percebeu algo diferente. Aquela luz pairava no ar a meio metro do chão, a par duma árvore. Era linda! Brilhava de toda cor. De repente um vento forte ao redor dele travou-lhe as pernas e não pode mais andar.
Começou a gritar bem alto para sua família escutar. Logo chegaram os dois filhos, mas aquela luz brilhava ainda mais. Então o moço mais velho falou bem alto:
- Se tiver alguma riqueza por aqui: ouro, prata ou diamante enterrado neste local, que saia o espírito do dono e revele-se para nós! Saia e descanse em paz..., nem terminara de falar quando sentiram um sopro tão forte que os três quase foram ao chão, e imediatamente, ficou tudo estranhamente calmo. – Vejam! A luz sumiu! - Chegando até o local da luz, perceberam que tinha um baú, de madeira já podre, enterrado. Mal tiraram a terra de cima da tampa e já perceberam em seu interior muitas peças douradas de talheres e artesanatos, muita prataria e muitos anéis e colares de pedras preciosas.
Desenterraram, levaram para penhora num banco, e dali em diante foi o começo da prosperidade dessa família italiana aqui no Piên.

Assinado: Doris.
Postado20/12/2012


 A pesca encantada (desesperada)

       Conta um de meus irmãos, que quando tinha seus quatorze anos de idade pediu para sua mãe que queria pescar.
Então pegou o anzol, as minhocas, colocou o chapéu de palha na cabeça e foi num rio ali próximo da casa que tinha poços dentro dele, e que dava muitos peixes tipo bagre, lambari e pintado. Mesmo porquê naquela época os jovens pescavam muito.
Mas meu irmão, cujo nome era Valtívio, resolveu não chamou ninguém por companhia. Chegando no rio pegou o anzol, colocou a isca, pendurou o chapéu no palanque de uma cerca que divisava com terreno de outro dono.
Jogou o anzol no rio. Ficou ali sozinho no silêncio, esperando qual peixe seria a vez de ser fisgado. Passou um bom tempo e ele percebeu que o silêncio era por demasiado pesado. Um silêncio tão carregado que maltratava a natureza à sua volta. Uma incomodação começou a fustigar-lhe o pescoço, depois desceu pelas costas, as pernas doíam e não havia posição que as aquietasse. Sentiu o bafo quente do ar a sua volta e percebeu que este não ventava, não refrescava, estava meio que pesado.
Quando de repente, ouviu um barulho vindo do meio do mato em sua direção. O barulho aumentava a cada segundo. Podia sentir que era algo que arrastava terra e quebrava galhos. Passado alguns momentos de silêncio total, o barulho retorna mais vivo e contínuo do que nunca. O certo é que o nosso pescador estava morrendo de medo e não conseguia distinguir de que lado estava vindo aquele barulho de sei lá o que arrastado, se tronco, se pedra, se “boiúna” ou o próprio pé do capeta...
Num dado momento, percebeu que as copas das moitas e dos arbustos estavam se movimentando violentamente e vinha na sua direção. Algumas árvores menores dobravam ou desapareciam por completo do seu campo de visão. Rapidamente se joga no barranco do leito do rio e rola pra dentro da água. Deixando só a cabeça de fora, espiando o mato, foi quando viu!...
Dentre uma rocha grande e uma árvore grossa, cujo pé estava escondido por densa ramagem, uma e outra estavam distante mais ou menos uns cinco paços de um homem grande, passou um paredão negro e escamoso que a seu ver parecia tão grosso que caberia um boi adulto lá dentro. A cobra descia pela mata acompanhando o leito do rio.
Era tão comprida que levou sete minutos para terminar sua passagem por de trás da rocha e da árvore. O susto foi tão grande que ao perceber já estava do outro lado da cerca numa disparada desesperada. Deixou pelo caminho o chapéu, o anzol, as minhocas, os sapatos..., e mais alguma coisa por certo.
Chegando em casa contou o ocorrido num desespero só. A família e os amigos que também foram chamados para ouvirem ficaram abismados. Ninguém queria acreditar, mas o desespero do pobre homem dava dó.
No outro dia fomos buscar o chapéu e todo o resto que havia sido abandonado no momento da fuga, mas aí..., nós vimos o rastro!!
Por onde passou a tal cobra, ficou um rastro limpo, sem nenhum matinho, num formato duma meia manilha perfeita, e até socada pois dava pra perceber que amassou a terra. Deveria ter pelo menos meia tonelada de peso, e mais, naquele corredor redondo no chão cabia duas pessoas adultas de lado tranquilamente.
O rastro enorme seguia em direção ao rio, quando alcançou uma parte larga, bem na curva, dava pra perceber que enfiara a cabeça onde havia um dos poços e sumiu-se ali dentro, seu imenso corpo desaparecendo rio adentro.
Nunca mais, nem pescador, nem vizinho, nem caçador, relataram algum aparecimento do tipo. Mas volta e meia sabe-se que bem debaixo do rio, bem naquele fosso que ainda está lá, o rio treme! (Já sabem que cobra era?)

Assinado: Doris.
Postado20/12/2012

A criança misteriosa


Na localidade de Trigolândia, num lugar chamado pinheiral e logo adiante da fábrica Famosul, numa plantação de pinheiros, a noite uma criança perdida chorava gritando e pedindo socorro. A voz daquele choro corria de um lado para outro no pinheiral.
Eu e minha vizinha, cansadas de escutar, quase todas as noites aquele choro triste, tão triste que magoava fundo o coração, resolvemos então batizar a criança. Fomos até o pinheiral lá pelas onze horas da noite que é quando começou novamente o choro. Aí então eu chamei: menina Maria! Está batizada! Está batizada e descanse em paz.
A partir daquele momento houve silêncio entre as árvores. A voz que corria de um lado para outro, não correu mais, não chorou mais.
Ninguém nunca soube de uma criança que fosse perdida por ali, tão pouco uma que fosse enterrada debaixo daquelas árvores, más uma coisa é certa, essa criança não tinha nome e sem nome ninguém pode ser achado, não é mesmo.

Assinado: Doris.
Postado20/12/2012

POEMINHAS DA DORIS
Não digas nada,
só pense bem baixinho
que do pensamento
a gente tira tudo fresquinho.

Na estrada da vida
Alguma coisa me diz
Que você vem vindo,
pra me fazer feliz.

Ao redor da minha casa
os passarinhos cantam felizes,
dizendo que no meu lar
O amor de Deus é sublime.

Quando a gente ama
todo o mal esquece,
pois é só pelo amor
que a gente floresce.

A oração é um pedido,
um pedido do coração.
Para que Jesus
nos de sua proteção.

Muitas Gentes Unidas
Pela estrada a marchar
Não deixemos nesta vida
Nosso irmão sem amar.

Viva a noite e viva o dia
Viva o sonho e a harmonia
De Deus pai nossa alegria.

Aqui tem de tudo, mas
De Tudo um pouquinho
Saudades do passado
Lembranças coloridas.

PARLENDINHAS DA MINHA VIDA
Eu plantei a madre silva
da semente da mimosa
ao cabo de sete dias
a madre silva deu rosas.

O dia é bem claro
a noite é bem escura
uma pessoa é meu amor
eu sei que esta segura.

Todos dizem que não te amo
não acredite no que dizem
esses que andam falando
não querem nós dois felizes.

Como vale uma gota d'água
dentro de um copo de vidro
resolva o teu coração
que o meu está resolvido.

Duas andorinhas voando
com dois colares de ouro
não tem dinheiro que pague
duas horas de namoro

Plantei um pé de alecrim
cercado de A B C
Não quero que teus pais saibam
q'eu namoro com você
Joguei uma lima verde
por cima da sacristia
deu no cravo deu na rosa
deu no moço que eu queria

Nascem rosas sem espinhos
no jardim para enfeitar
todos nascem sem destino
eu nasci para te amar

Aqui não tem dois mundos
no céu não tem dois senhores
quem tem um coração
não pode ter dois amores

Não há rosa sem espinho
não há flores sem perfume
não a namoro feliz
se alguém tiver ciume

Quem diz que amor não dói
nunca teve coração
quem amar como eu te amo
vai dizer se dói ou não

Dentro do meu coração
tem uma fita com um laço
aceite lembranças minhas
um suspiro e dois abraços

Saia da janela, querida
pois os tempos já passaram
se você tem outro amor
porque me trás enganado

Eu nasci para te amar
também quero ser amado
eu não te engano
e não quero ser enganado

Cravo e rosa na janela
rosa branca no portão
meu amor tá mal comigo
mas não dá demonstração

Uma coisa quero falar
desces caras cabeludos
que andam pela estrada
andam pisando miúdo

Sentado em uma cadeira
o seu lindo nome escrevi
escrevendo letra por letra
na cadeira adormeci.

Dizem que beijo é pecado
mas que pecado horroroso
O meu Deus porque fizeste
um pecado tão gostoso.

Até nas flores se notam
a diferença da sorte
Umas enfeitam a vida
outras enfeitam a morte

Amei um só neste mundo
sem ele não posso viver
por causa desce amor
a minha vida eu darei

Sentado a beira da cama
um lindo nome escrevi
pra mandar pro meu amor
que a muito tempo não vi

Chuva cai no telhado
recordações me trás
de um amor passado
que a tempo me faz penar

Se você sentisse
a dor que sinto agora,
doeria teu coração
a dor de uma paixão

Saudades vem,
é o vento que trás
daquele amor
que me deixou pra trás

Caminhei até encontrar
aquilo que eu desejei
pra matar minha saudade
até meu amor encontrei

Uma coisa quero falar
a todos que querem ouvir
os rapazes de hoje em dia
só pensam em trair

A mulher nem que seja feia
feia que nem um rojão
mas vá la no rancho dela
que não falta gavião

A saudade e a paixão
são duas fiéis companheiras
A paixão dura tão pouco
e a saudade a vida inteira

Lábios finos de mel
como um punhal afiado
é um cálice de fel
no meu peito derramado

Saudade cruel tormento
Saudade grande dor
Amargura e sofrimento
Me trás seu grande amor

Distância longa nos separa
Estrada comprida de espinho
Lembrança dolorida de casa
Saudade de seu carinho

Dizem que beijo é veneno
Que forte pode matar
Prefiro morrer envenenada
do que ficar sem beijar.
Piên – Cachoeirinha – Doris - 17-11-2011

VERSOS DA VIDA
Na jornada da minha vida
cheguei onde cheguei
Trabalhando com sabedoria
as minhas mãos eu levantei!

O dia é muito lindo
nessa terra de meu Deus.
A sabedoria é divina
pra quem bem usa fazendo.

Minhas ideias vem do pensamento,
aqui eu pulo e bato no cão.
Que a alegria maior
É saúde e Deus no coração.

Na vida Tudo passa,
mas a sombra eu deixarei.
As ideias e os rastros,
no perfume eu ficarei.

Nas flores tem perfume,
na vida tem amor.
No chão nós pisamos,
Em direção ao Salvador.

Esses versos que eu faço
vale a pena você pensar
para que no futuro
O dedinho não quebrar.
A vida é disparada
A alegria ao amanhecer
Os anos são contados
Aproveite o viver!

Uma coisa tenha certeza!
Que no futuro quando me for,
As coisas lindas e belas
Aqui nesse lugar ficarão.

A limpeza e o perfume
Alegra o Coração
O perfume é o amor
A limpeza é a saúde
Na vida do cristão.

Uma coisa que eu acho
nesses versos que manobrei
Puxei de cá e de lá,
da cabeça eu tirei.
(Essa é a minha alegria: de escrever as coisas da vida e do pensamento).
Piên – Cachoeirinha – Doris - 01-12-2011